segunda-feira, 5 de março de 2018

O DRAMA CÓSMICO DE EVA, SOFIA E MARIA!

- O MISTÉRIO DA MÃE, DA MATÉRIA E DA MULHER!

- A HISTÓRIA DA QUEDA E REDENÇÃO DA NOSSA CRIAÇÃO!
E O PAPEL DAS 3 MULHERES E DE CRISTO.


<<< A saga de Sophia é a história da aventura da alma no infinito, 
bem como o símbolo perene do retorno triunfante do Divino Feminino.
Um dos mitos centrais na maioria dos ensinamentos gnósticos 
é a Queda e a Redenção de Sophia  - a sabedoria encarnada de Deus que, por várias razões, transgride contra o Reino Eterno,  dá origem ao Mundo das Formas 
(Matéria, Mãe)  e junto com a humanidade busca redimir a Criação. 
O nome dela é sinônimo de "Sabedoria", "Divino Feminino", "Shakti" 
e "Grande Mãe".>>> 

Não se trata aqui de uma disputa entre o elemento masculino e feminino.
Mas a busca pela VERDADE sobre do porque o elemento feminino
é amaldiçoado via Eva e santificado via Maria,
e baniu-se o papel de Sophia!

Há semanas que este drama cósmico me vem à mente.
Sempre quis entender nossa Criação e a famosa Queda de forma mais plena.
Conheço várias versões, como a da Bíblia, que contem pedaços dela,
e não exatamente a verdade toda (seja lá quem a tirou ou nunca a colocou).
Como da Pistis Sophia comentada por Jan van Rijckenborgh e  por J.J.Hurtak
(tenho os livros de ambos em alemão) 
e também da versão dada pelo Livro de Urãntia.
Mas havia desistido deste intento um tanto ousado, afinal a mente comum
não consegue apreender algo tão profundo, apenas superficialmente.
Que seja pensei, mas esqueci.
Então o assunto veio a mim e de repente o quadro ficou claro
pois ao escrever sobre a mulher, o espírito santo e temas afins,
nos artigos anteriores, algo se moveu em mim e ao deitar para relaxar,
após compor meu artigo, sobre a Mente Concreta x Mente Abstrata,
me veio qual raio o seguinte:


Imagine que Eva represente um aspecto da queda da Luz  na matéria deflagrada por Sofia sem querer, e que depois de muito tempo tal queda é superada por Maria, que, ao simbolizar o aspecto feminino de Deus (ou seja o Espirito Santo - vai lendo), gerou Jesus, o qual, por sua vez, recebeu a força Crística para redimir o estado de queda ocorrido, dando chances a todas as almas a voltar para a Luz ou para o Pai de forma menos penosa.
Portanto, Maria não teria sido fecundada pelo Espírito Santo, mas seria sim uma alma muito pura e elevada que foi capaz de gerar um ser da magnitude de Jesus, para receber a Força Crística e assim se iniciar o processo de redenção da Criação como um todo - do nosso Universo e todos os que foram atingidos por esta Queda Cósmica. 
Repetindo: Maria representaria o Espírito Santo em carne e osso!!!

Agora vejamos mais: o terceiro aspecto da Trindade, o Espírito Santo, paira sobre as águas no início... e as fecunda e gera Vida. Ou seja: o mesmo Espírito que gera a Vida no início, gera a destruição dela no final, digo, deflagra uma ampla transformação, seja via destruição ou via redenção ou ambos. No hinduísmo o terceiro Aspecto da Trindade é Shiva, aquele que renova tudo, seja destruindo ou transformando e sua consorte é Parvati, uma representação da grande deusa-mater, Shakti. Aliás, veja aqui um texto cheio de belas imagens, mostrando como na tradição indiana o poder pertence a energia suprema feminina, representada por Shakti.

Guardem tudo isso na mente e leiam (mais adiante), os dois artigos que retirei de uma postagem contendo todas as versões de Pistis Sophia e similares, lembrando que sempre ocorreram falhas na transmissão de histórias sejam elas humanas e mais ainda cósmicas, portanto, vamos dar descontos, mesmo nessas versões que escolhi, porque me pareceram as mais completas - afinal, não conheci os autores dos textos para saber se eles teriam motivos para distorcer certas passagens seja por falta de conhecimento ou com a intenção de evitar que certas verdades viessem à tona, afinal, Yadalbaoth tem feito de tudo para evitar que se descubra que o Deus déspota, vingativo e cruel do Velho Testamento jamais poderia ser o PAI cultuado e amado por Jesus. E que se tratava dele, ou seja, do deus-impostor, do deus-ditador como o chamo! Por isso, quando os crentes oram a Deus, oram para ele e não para O PAI DE JESUS. Eis o drama que vem se repetindo há quase dois mil anos. 

Sempre me espantei dos líderes religiosos em geral caírem nessa versão de deus-ditador - mas tudo bem - os office boys de Yadalbaoth foram bem sucedidos em misturar elementos de verdade com mentira nos textos da Bíblia, principalmente do Velho Testamento, que sempre digo é um tremendo de um remendo de textos de outros povos e suas lendas a respeito da criação dos mundos e seus mandantes, tais como os Judeus trouxeram de seu cativeiro da  Babilônia, considerada pagã!!!, e os babilônios já receberam tais textos dos sumérios e estes... bem... isso é outra história. E agora entendam também porque se busca tanto negar a existência de Jesus e mais ainda de sua missão que extrapolou a de todos os seus antecessores.

E lembram do detalhe inicial, que o Terceiro Aspecto da Trindade, o Espírito Santo é um Fogo Devorador, digo, transformador? Que ele vem para destruir o que não serve e para resgatar o que pode ser resgatado? E falando em resgate, haverá um amplo leque de salvamentos como descreveu Cobra e como descreveu com mais detalhes Aivanhov. 

Teremos inúmeros tipos de resgates:

- Haverá os que vão morrer sim diante do Fogo Cósmico (que, resumindo, é o conjunto de fatores celestes que vão deflagrar uma revolução cósmica), e renascer em outro planeta do gênero 3D, mas não mais em queda, e sim um mundo renovado, ou Unificado como diz Aivanhov.
- Teremos os que serão salvos e levados para alguns mundos.
- Teremos os que vão morrer e renascer na 5D, em um corpo à base de silício, mais leve, transparente para nossos olhos, mas igualmente corpóreo para a 5D (imagine isso como num sonho onde você também sente tudo real, não é?).
- Teremos os que poderão ascensionar em vida, para a 5D, ou seja, que terão seu corpo atual à base de carbono transfigurado para um corpo à base de silício (que é o que na Bíblia se chama arrebatamento, embora possa também representar um resgaste por algum tipo de nave, e desde que não seja dos arcontes, tudo bem).
- Teremos os que vão bem mais acima... e alguns poucos que optarão por voltar ao PAI - a Fonte.

(Afinal Jesus disse: Na casa de meu Pai há muitos moradas e a casa do Pai não deixa de ser a Criação e todos os seus mundos de diferentes dimensões).

Mas a maioria dos Espíritos vai voltar a encarnar num planeta 3D para completar sua jornada, pois quem não optou (interiormente até agora) em realizar um processo espiritual, este não terá outra opção do que voltar a viver num planeta 3D, mas, contanto que não seja um planeta prisioneiro da dualidade, já é maravilhoso, porque os maus mesmo vão reencarnar em mundos onde possam se redimir via dor ainda... (parece que sim). E os muito maus, sofrerão a segunda morte, ou seja, sua alma retornará aos Elementos Primordiais, e isso, dizem, que é no Sol Central, onde as centelhas são geradas, lá também serão dissolvidas.

Então, este Espírito Santo, este Fogo Cósmico, ele vem salvar sim, em primeiro lugar tudo que seja possível e depois ele vai liberar o Fogo para transfigurar tudo e isso implica sim em catástrofes maiores e menores, implica sim em sofrimentos, implica sim em nos prepararmos para tudo, para o melhor e pior, pois não sabemos que destino nossa alma escolheu ou teve que escolher. Não importa. Por isso Aivanhov e todos insistem tanto em a gente começar a ver que o fim do mundo apenas será dramático para os que não se prepararam, pois morrer vamos todos, com ou sem fim de mundo e como eu escrevi no artigo anterior, com a morte de algum ente querido, este será seu fim de mundo, seja ele de velhice ou de doença, ou acidente. Portanto, caso ocorra mesmo tal transformação cósmica em breve, quanto mais preparados melhor, pois podemos ser fonte de força para muitos.

Já quanto ao fato de Cobra (e outros) insistirem que haverá um período de paz e prosperidade antes desta Ascensão que implica em muita destruição, tomara... para o bem de muitos, mas, caso isso não ocorra, seja lá por qual razão for, melhor a gente se preparar desde já, entregando a cada dia nossa vida ao Pai em Nós ou fora, ou a Jesus, para quem não consegue ainda imaginar que o Pai habita em todos, tal como Jesus mesmo cansou de dizer em suas palavras e que venho repetindo em diversos artigos.

E agora vamos aos dois textos que selecionei do link abaixo sobre a 

HISTÓRIA DE NOSSA QUEDA E CRIAÇÃO 
baseados nos chamados mitos de Sophia!



Aqui segue um texto muito límpido e fácil de entender que achei quando este artigo já estava pronto e estava buscando por uma imagem (a acima), que consta neste artigo - ele vai facilitar muito as leituras mais complexas abaixo!



Sophia (em grego: Σοφία) é aquilo que detém o “sábio” (em grego: σοφός; “sofós”). Na tradição gnóstica, Sophia é uma figura feminina, análoga à alma humana e simultaneamente um dos aspectos femininos de Deus. Os gnósticos afirmam que ela é a sizígia de Jesus (veja a Noiva de Cristo) e o Espírito Santo da Trindade. Ocasionalmente é referenciada pelo equivalente hebreu Achamōth (em grego: Ἀχαμώθ) e como Prouneikos (em grego: Προύνικος, “A Libidinosa”). Nos textos da Biblioteca de Nag Hammadi, Sophia é o mais baixo dos Aeons ou a expressão antrópica da emanação da luz de Deus[1].

Ela é considerada como a responsável pela criação do mundo material, ou uma das responsáveis, dependendo da tradição gnóstica.
Pausa: ainda aproveitando me ocorreu de mencionar algo. Embora seja muito válido e belo resgatar o feminino em todas as suas variadas nuances, o que mais precisamos resgatar dele é sua capacidade de ENTREGA E CONFIANÇA AO PAI - para ajudar a alma a se liberar do poder da  mente e do poder do corpo (no caso das mulheres) e se voltar AO ESPÍRITO, SEU ESPOSO DIVINO. Este é o resgate primordial e essencial a ser realizado.

Mitos de Sophia

Quase todos os sistemas gnósticos do tipo siríaco ou egípcio ensinaram que o universo iniciou com um original, impenetrável (ou incognoscível) Deus, chamado de “Pai” ou Bythos, ou como Mônade por Monoimus. Ele também pode ser equiparado ao conceito de Logos em termos estóicos, esotéricos ou teosóficos (a ‘Raiz Desconhecida’), assim como ao Ein Sof daKabbalah e Brahma no Hinduísmo. Deste começo unitário, o Uno emanou Aeons adicionais, em pares de seres progressivamente ‘menores’ em sequência. Em conjunto com a fonte que os emanou, eles formam o Pleroma – totalidade – de Deus que, portanto, não deve ser entendido como algo distinto do divino, mas abstrações simbólicas da natureza divina. A transição do imaterial para o material, do numenal ao sensível, foi causado por uma falha – ou paixão ou pecado – em um dos Aeons[1].

Na maior parte das versões dos mitos gnósticos, é Sophia que traz instabilidade ao Pleroma, o que por sua vez provoca a criação da matéria. Assim, uma visão positiva ou negativa do mundo depende, em grande medida, da interpretação das ações de Sophia na mitologia. De acordo com alguns textos, a crise ocorreu como resultado de Sophia ter tentado emanar sem sua sizígia ou, em outra tradição, por que ela tentou quebrar a barreira entre ela e o Impenetrável Bythos.

Após cair cataclismicamente do Pleroma, o medo e a angústia de Sophia por ter perdido sua vida (assim como ter perdido a luz do Uno) deixou-a confusa e com uma saudade incontrolável. Por causa dela, matéria (hylē’, em grego: ὕλη) e alma (psychē, em grego: ψυχή) acidentalmente foram criadas[1]. A criação do Demiurgo (também chamado Yaldabaoth, “Filho do Caos”) também foi um erro ocorrido durante este exílio.

O Demiurgo prossegue a criação do mundo físico onde vivemos, ignorante da existência de Sophia, que ainda assim consegue infundir alguma fagulha espiritual (Pneuma, em grego: πνευμα) na criação dele[1]. Em Pistis Sophia[2], Cristo é enviado pelo Uno para trazer Sophia de volta à totalidade (Pleroma). Ele a habilita a ver novamente a luz, dando-lhe o conhecimento do espírito (Pneuma). Cristo é então enviado à Terra na forma de um homem (Jesus) para dar aos homens a Gnose necessária para que se libertem do mundo físico e retornem para o mundo espirítual. Para os gnósticos, o drama da redenção de Sophia através do Cristo (ou o Logos) é o drama central do universo.

Livro dos Provérbios

A filosofia religiosa judaica se ocupou muito com o conceito da divina Sophia, como uma revelação do pensamento interno de Deus e atribuiu a ela não somente a formação e ordenação do universo natural[3] como também a comunicação de toda percepção e conhecimento à humanidade. Em Provérbios 8:1 e seguintes, Sabedoria (substantivo feminino) é descrita como conselheira de Deus que habitava dentro dele antes da Criação do mundo e que faz muitas coisas diante Dele. De acordo com a descrição dada no Livro dos Provérbios, uma morada foi atribuída a Sophia pelos gnósticos e a sua relação com o mundo superior e também com os sete poderes planetários abaixo dela. As sete esferas planetárias (ou céus) eram para os antigos as regiões mais altas do universo criado. Eles eram entendidos como sete círculos subindo um sobre o outro e dominado por sete arcontes. Juntos, estes círculos constituíam a Hebdomad. Acima do mais alto, e sobre ela, estava a Ogdóade, a esfera de imutabilidade, e que estava próximado mundo espiritual[4]. Diz Provérbios:
«A sabedoria edificou a sua casa, Cortou as suas sete colunas;» (Provérbios 9:1)[5]
Estes sete pilares foram interpretados como sendo os céus planetários e a morada de Sophia foi colocada acima da Hebdomad, na Ogdóade[6]. O livro bíblico diz ainda sobre a mesma sabedoria divina:
«No cume das alturas junto ao caminho, Nas encruzilhadas ela se coloca;» (Provérbios 8:2)[5]
Na interpretação gnóstica, isso significa que Sophia tinha sua morada “no cume das alturas”, sobre o universo criado, no lugar do “meio”, entre o mundo superior e o inferior, entre o Pleroma e a ektismena. Ela se senta “Junto às portas, à entrada da cidade”, ou seja, nas vias de aproximação aos reinos dos sete Arcontes e é na “entrada” do reino superior de luz que recebe seus elogios. A Sophia (Sabedoria) é portanto o governante superior sobre o universo visível e, ao mesmo tempo, a intermediária entre os reinos. Ela dá forma ao universo mundano com base nos protótipos celestes e forma os sete ciclos estelares com seus Arcontes e sob o domínio deles é colocado – de acordo com as concepções astrológicas da antiguidade – o destino de todas as coisas terrenas, especialmente o homem. Ela é a “Mãe” ou a “Mãe da Vida”[7]. Tendo vindo das alturas, ela é formada pela essência pneumática, amētēr phōteinē[8] or the anō dynamis,[9] da qual todas as almas pneumáticas se originam.

Queda

Tentando reconciliar a doutrina da natureza pneumática de Sophia com a morada atribuída a ela nos Provérbios, no reino do “meio”, fora portanto do reino superior de luz, foi imaginada uma queda de Sophia de sua morada celeste, o Pleroma, até o vazio (kenōma) abaixo dele. A idéia era a de um confisco ou roubo da luz, ou uma explosão e difusão do “orvalho da luz” até o kenōma, causado por um movimento criador de vida (vivificador) no mundo superior. Porém, ainda que a luz trazida até a escuridão deste mundo tenha sido compreendida e descrita como envolvida em sofrimento, este deve ser considerado como uma punição. Esta inferência é apoiada ainda pela noção platônica de queda espiritual.

Mitos da Alma

Alienadas de sua morada celeste por sua própria falta, as almas afundaram neste mundo inferior sem ter perdido de todo a lembrança de seu estado original. E, preenchidas pela saudade de sua herança perdida, estas almas caídas ainda se esforçam para subir. Desta forma, o Mito da queda de Sophia pode ser entendido como tendo um significado particular. O destino da “Mãe” foi considerado como protótipo do que seria repetido na história de cada alma individual, que, sendo de origem pneumática celeste, caíram de sua morada – um mundo superior de luz – e acabaram sob a influência de poderes malignos, de quem elas precisam aturar uma longa série de sofrimentos até que um retorno ao mundo superior lhes seja novamente possível. Mais ainda que, de acordo com a filosofia platônica, almas caídas ainda retenham a lembrança de sua morada perdida, esta noção foi preservada de outra forma nos círculos gnósticos. Ensinava-se que as almas dos pneumatici (detentores da Pneuma), tendo perdido a lembrança de sua derivação celeste, precisavam novamente se familiarizar com a Gnose, ou conhecimento desta essência pneumática, para que pudessem retornar à luz. E é nesta obtenção da Gnose que consiste a redenção trazida e confirmada por Cristo. Ensinava-se também que Sophia também precisava da redenção trazida por Cristo, por quem ela seria libertada de sua agnoia e sua pathe, e será, no fim do mundo, novamente trazida de volta à sua morada há muito perdida, o Pleroma superior.

Do link já citado acima, que é um verdadeiro compêndio sobre o tema, ainda achei válido retirar esta versão...

O mito de Sophia

De Sophia, a mãe celestial de todas as coisas vivas, filha do Ser Inefável, nasceu aquele que se tornaria o formador e regente do sistema da criação material. Ela sentiu grande tristeza e angustia quando o gerou, pois estava sozinha em um abismo de trevas e sua luz tinha diminuído. Sophia viu que seu descendente era capaz de mudar de forma. Ela se arrependeu de ter gerado um ser em sua solidão e o chamou Yaldabaoth, a “Ignorância-cega”.

Yaldabaoth (Chronos – e não Cronos, o Titã – para os gregos) foi para o caos e, para aprisionar as partículas divinas emanadas de sua mãe, ao acasalar-se com o daemonium Nebruel (Anaké, para os gregos), elaborou um sistema de criação que era de seu agrado, e dentro dele, gerou doze autoridades, sete regentes do firmamento e cinco regentes do abismo. O Criador (Yaldabaoth, Samael, Yahweh ou IHVH – Iodh Hei Vau Hei-, entre outros) e sua hoste (os regentes ou arcontes) mesclaram, então, luz e trevas, para que as trevas parecessem radiantes e, assim, iludissem os olhos. Essa mescla de trevas e luz resultou num mundo imperfeito e fraco, pois as trevas impediram-no de desenvolver um exército de luz, que poderia protege-lo.

Assim, Yaldabaoth permaneceu no centro do sistema do mundo que ele formara, e se tornou arrogante em seu orgulho, exclamando: “Eu sou Deus e não há outro Deus além de mim!” Dessa forma, ele demonstrou sua ignorância agora do verdadeiro caráter do ser, bem como seu orgulho, pois negou até sua própria mãe. Sophia, no entanto, olhou para ele das alturas e exclamou em voz alta: “proferistes uma falsidade ó Samael!” Foi assim que ele recebeu o nome que o tornara o senhor cego da morte (Samael), e então Sophia o chamou também de Saclas, com o que afirmava a tolice dele.

Sophia, porém, sabendo que sua descendência gerara uma criação a partir de sua própria imagem defeituosa, decidiu ajudar secretamente a luz que estava presente no mundo. Desceu de sua habitação e veio para perto da terra, movendo-se de lá para cá sobre ela, assim outorgando sua sabedoria e amor ao sistema que o tolo criador desenvolvera. Os regentes pensaram que eles, sozinhos, tinham criado e ordenado o mundo, mas o espírito de Sophia contribuiu secretamente para colocar esplêndidos padrões arquetípicos na trama do trabalho deles. Foi quando viram, então, uma grande maravilha que apareceu nos céus: um anjo (Espírito Santo) com a forma de um homem, de visão majestosa e gloriosa. O Demiurgo Yaldabaoth e sua hoste tremeram e as bases do abismo sacudiram-se e as águas agitaram-se em terror sobre a terra. Tão grande era o brilho do arquétipo humano celestial que apareceu no céu que os regentes foram por ele cegados e não puderam agüentar seu poder. Desviaram os olhos e fixaram o reflexo da forma do homem, conforme essa aparecia nas águas abaixo.

Todos os regentes e seus servos, invejosos, correram para perto e, juntando seus poderes, fizeram uma réplica da imagem do homem celestial, mas seu trabalho era defeituoso e fraco, porque a força de Sophia não se encontrava ali. O homem falsificado era estúpido e insensato e se arrastava pela terra como um verme. Sophia, então, enviou vários mensageiros da luz e eles, secretamente, penetraram na mente de Yaldabaoth, fazendo-o respirar sobre a lamentável criatura, desse modo infundindo-lhe vida divina. O Demiurgo pensou que era ele quem tinha dotado o homem de luz, mas, na realidade, foi sua mãe Sophia quem deu à humanidade a verdadeira vida. E o homem ficou de pé, caminhou e foi circundado por uma luz não terrestre.

Yaldabaoth e sua hoste reconheceram que o homem era, de fato, um ser cujo poder espiritual e inteligência excediam o seu próprio. Cheios de inveja e raiva, eles atacaram o homem cujo nome era Adão e o lançaram em uma escura região da matéria, para lá definhar em tristeza e privação. Sophia, entretanto, em cooperação com os mais altos poderes da plenitude, enviou a Adão um auxiliar, para instruí-lo e assisti-lo com sabedoria e força espiritual. Esse auxiliar era uma mulher, conhecida como Eva, mas cujo verdadeiro nome é Zoe, que significa vida (a filha de Pistis-Sophia). O sábio espírito feminino penetrou em Adão e ficou escondido aí, para que os regentes não percebessem a sua presença.

Os regentes, então, conspiraram e elaboraram um plano no qual esperavam que o homem poderia cair, e permanecer cativo de seus desígnios. Eles criaram um jardim, cheio de belezas e delícias da terra, e colocaram Adão no meio dele, fornecendo-lhe todo o tipo de objeto agradável que pudesse desejar. Então eles mandaram Adão comer, pois o alimento do jardim é amargo e sua beleza é perversão, sua delícia é engano e suas árvores são iniqüidade, seu fruto é veneno incurável e sua promessa é morte.

As belezas e os prazeres oferecidos eram enganosos, corruptos e planejados para mantê-lo cativo dos regentes, sem vontade ou vida própria. Havia, também no jardim, uma outra árvore, mas eles proibiram Adão de tocar ou de comer do seu fruto. Eles o enganaram a respeito da árvore, lhe dizendo que sua raiz é amarga e seus ramos são morte, sua sombra é ódio e em sua folhagem está o engano, seu suco é o ungüento da perversidade, seu fruto é mortal e sua seiva é a cobiça; e que ela germina das trevas. Mas essa árvore era, na verdade, a inteligência-luz, a sabedoria. E dizendo tais coisas sobre ela, eles impediram Adão de ver sua plenitude e conhecer a Verdade, fazendo-o ficar preso naquilo que era realmente ruim, mas que diziam a Adão ser bom.

Mais uma vez Sophia e os poderes celestiais (na forma de uma serpente) foram em socorro de Adão e o instruíram a comer o fruto daquela árvore e desafiar o regente e seus anjos tirânicos. Ao mesmo tempo, a mulher nasceu de Adão, mas o chefe dos regentes a reconheceu como tendo a luz de Sophia e enfureceu-se. Ele a perseguiu por todo o jardim e, tendo-a subjugado, violentou-a e ela concebeu dois filhos dele, Caim e Abel. Porém, o espírito brilhante de sabedoria que habitava em Eva escapou e, assim, apenas seu aspecto humano foi violentado e não Zoe, o espírito vivo. Caim tornou-se mestre da terra e da água e dele descendem os homens e mulheres com inclinação para a matéria, ao passo que Abel comandou o ar e o fogo e se tornou o pai dos seres humanos que valorizam a alma e a mente. Mas Caim matou Abel e Adão percebeu o que o regente tirânico tinha feito e, tendo gerado um filho, Seth, com inclinações espirituais, ele se tornou pai daqueles que aspiram pelo conhecimento supremo (Gnosis) e por uma união com o Espírito.

Os anjos tirânicos, então, observaram, enfurecidos, que a humanidade seguia seu curso e não iria permanecer no paraíso dos tolos, onde queriam mantê-los cativos. O chefe dos regentes amaldiçoou então, toda a humanidade, especialmente a mulher. Entretanto, Eva deu à luz uma filha, chamada Norea, plena de sabedoria divina, que permaneceu na terra por muito tempo como uma ajudante da humanidade, porque era sábia e conhecia os esquemas e más obras dos anjos tirânicos.

Enquanto isso, os homens se multiplicaram, instruídos por Seth e Norea, muitos se voltaram ao conhecimento supremo, divino, assim, os regentes ficaram com poucos homens e mulheres que os aceitavam como deuses e seguiam suas leis. Furiosos, desejaram destruir a humanidade, então resolveram provocar um dilúvio. Norea, vendo o que eles iam fazer, instruiu um de seus filhos, Noé, para que ele construísse uma arca onde todos os puros pudessem ser salvos. Então ele, instruído por sua mãe, assim o fez.

Os anjos maus, então, assaltaram Norea, desejando violá-la com tinham feito com Eva, sua mãe, mas um grande anjo de luz chamado Eleleth a resgatou e lhe deu forças para continuar sua missão. Assim, com a ajuda de Norea, a partir de seu filho Noé, o esquema dos anjos tirânicos foi frustrado e a humanidade preservada.

Desde então, Yaldabaoth e seus anjos buscam dominar a raça humana, mesclando sua essência com a humanidade, corrompendo mulheres humanas, gerando, com elas, filhos imperfeitos. Assim, a humanidade tem vivido em conflito e divisão, pois o chefe dos regentes nela semeou cólera. A verdadeira sabedoria tornou-se rara e os filhos dos homens aprenderam coisas inúteis e mortas, seu conhecimento tornou-se mundano e corrupto. Repetidamente os regentes se reúnem para planejar o aprisionamento daqueles que não querem servi-los. Mascaram-se como mensageiros da luz, ou mesmo como o próprio Divino Inefável, exigindo obediência e adoração, iludindo profetas e videntes, elaborando leis e mandamentos, com os quais possam constranger os filhos dos homens. Mesmo assim a raça humana nunca foi deixada em abandono, Sophia nunca deixou de lutar por seus filhos, tendo depositado em todos os homens e mulheres, também, a sua luz e enviado em seu socorro seu mais iluminado mensageiro, Christós que, assumindo sua forma humana, Yehoshua (ou Yeshu), disseminou luz e sabedoria entre os homens, para que estes pudessem alcançar o Pleroma (Paraíso, Eternidade, Absoluto) e se libertar de Yaldabaoth.

(Mito gnóstico – autor desconhecido)

E achei muito esclarecedora a versão mais moderna e simbólica abordada nesta edição da revista Pentagrama, sobre Maria Madalena, além de ricamente ilustrado!

http://www.pentagrama.org.br/pentagramas/revista-ano-33-numero-5.pdf


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